quarta-feira, 3 de julho de 2013

Eu e os pequenitos

Estou a viver numa casa emprestada, que fica na entrada de uma exploração agro-pecuária. Tenho uns... vizinhos, são vizinhos, moram lá para trás da casa. Destes vizinhos (ainda não me dei ao trabalho de contar, mas ainda são uns quantos) só um trabalha aqui na exploração (e o resto acho que não tem trabalho, pelo menos legal).
É uma história um pouco triste, viu-se sozinho com os dois filhos quando a mulher o abandonou (vá-se lá saber porquê - não sei mesmo), e a partir daí a população tem crescido naquela casa. A filha - mais nova que eu - teve filhos (vai em 4, um de cada pai), o filho - ainda mais novo - tinha umas amizades duvidosas, optou um bocado pela via criminosa (mas parece que é de família), quando cresceu engravidou uma moça e saíram duas gémeas (olha que sorte), veio o primo, o cunhado, já lhes perdi um bocado a conta, não é que os veja muito, que saio de casa de manhã e só volto a enfiar-me em casa à tardinha.
Além de uma família extensa, têm cães, dois dos quais andam de roda de mim quando eu vou dar comida, água e mimos ao cão de guarda, que tem a casota mesmo ao pé da minha porta. Só me chateia a baba, mas os cães são todos "babentos", e as mãos e a roupa lavam-se, não tem mal.

Onde é que eu ia?

Ah, família grande, vida um pouco miserável, criançada. Pois que ontem, quando chegava a casa com o saco das compras, vejo um menino a andar de bicicleta (com rodinhas, que ainda era pequenito). O menino também me viu. Começou ao longe a dizer algo parecido com "óia! óia!".
Ok, vamos lá fazer mais um amigo. O problema foi que eu não percebi a ponta de um chavelho do que o miúdo estava a dizer. Tinha o seu próprio idioma. Eu sou um pouco má a avaliar idades, mas o miúdo não tem menos que 3 anos, já era suposto perceber-se algo mais do que "cão". Ou estou enganada? Lá ensaiei uma espécie de conversa, falei do cão, expliquei-lhe o que tinha no saco (já que ele se pôs a ver o que eu tinha lá dentro), perguntei como se chamava, que idade tinha (e fiquei na mesma, já que não percebi mesmo nada do que a criança me disse), às tantas disse que tinha de ir para dentro que era hora de jantar, disse adeus, até amanhã, vai brincar com o cão e fechei a porta. Vim para o outro lado da casa e pus-me nos meus afazeres. Começo a ouvir uns ruídos na porta. Era a criança a bater à porta. Mais uma pequena conversa ininteligível, até me despedir outra vez um bocado à força.

Agora estava aqui a ver as notícias e a pensar que tenho de ir fazer sopa que já se faz tarde, e ouço a bicicleta aqui ao pé da porta. Bolas, tenho a janela aberta, queres ver que o miúdo ainda me salta para dentro de casa?

Com o miúdo não tenho problema, gostava era de perceber o que é que ele diz, caso contrário fica ele a pensar que sou maluca e eu um bocado atrapalhada. Mas toda a gente me diz para eu trancar portas e janelas quando não estou em casa, para não estranhar entradas e saídas a altas horas, ou fogueiras durante a noite (dizem as más línguas que de vez em quando roubam cobre, ou carros). É que a exploração é grande e estou aqui sozinha com eles.

Sugestões para falar com crianças que não se sabem exprimir evitando ao mesmo tempo grandes confianças que permitam manter a "relação" fora de portas, anyone?

(depois hei-de contar a história do Zé Carlos)

2 comentários:

Erre disse...

Lamento, não te posso ajudar. Eu com crianças sou mais ou menos assim: http://imgur.com/7HAGwBu

;)

Unknown disse...

Ahahahah, este já é um pouco maior, não creio ter força para tal sem arriscar deixá-lo cair :D